Corinto- Uma Igreja Fervorosa, mas não Espiritual
Subsídio das Lições Bíblicas “I Coríntios- Os problemas da Igreja e suas soluções” (CPAD).
Corinto
era uma cidade cosmopolita, próspera, sincrética e devassa. Um lugar
semelhante as metrópoles contemporâneas, como São Paulo, Londres, Nova
Iorque ou Pequim. Corinto era a ponte entre o Ocidente e o Oriente, com
uma rede de estradas que ligava dois importantes portos. A localização
privilegiada levava aos coríntios a prosperidade mercantil, pois nenhum
importador e exportador estava livre de passar por essas terras.
Militarmente era essencial para a manutenção do império. Também
floresceu entre os coríntios a atividade bancária, o artesanato, a
arquitetura, os banhos, os jogos ístmicos e o trabalho com o bronze.
Corinto era a síntese da cultura greco-romana, sendo naqueles dias a
terceira cidade mais importante, perdendo para a capital Roma e
Alexandria. Composta de judeus, gregos e escravos, essa cidade era a
mistura de várias filosofias e religiões, que convivam sob um mesmo
terreno. Nesse espaço nasce mais tarde a comunidade cristã.
1- O Contexto da Época
Corinto
do primeiro século era imoral, como outras grandes cidades do Império
Romano. A fama da imoralidade era tão grande, que Aristófanes (480-385
a.C.) criou a palavra korinthiazesthai (“agir como um
coríntio”, isto é, “cometer adultério”). Platão usou a expressão “garota
coríntia” para referir-se a uma prostituta. O historiador e filósofo
grego Estrabão (63 a.C – 24 d.C) escreveu que no templo de Afrodite
havia mil prostitutas cultuais, que entregavam seus corpos aos homens de
Corinto como forma de adoração. É importante destacar que o eufemismo
“corintianizar” reportava a Corinto grega, que foi destruída pelos
romanos em 146 a.C. Paulo escreve para uma comunidade coríntia já
romana, que foi reconstruída por Júlio César em 46 a. C. Tudo indica que
a Corinto do primeiro século, portanto romana, manteve práticas imorais
como todas as cidades portuárias daquele tempo.
Os
membros da Igreja em Corinto estavam mergulhados na cultura coríntia,
vivendo em meio a imoralidade e desfrutando das benesses comercias dessa
cidade urbanizada. Agora, a Igreja em Corinto era composta por muitos
pobres (cf. I Co 1.26-27) e alguns poucos crentes ricos, como a maioria
das igrejas urbanas atuais.
A
epístola do apóstolo Paulo aos coríntios reflete bem a realidade do
século XXI. Esse século é urbano na conjuntura social, relativista na
moralidade e fluído nas relações familiares como religiosas, alimentando
o sincretismo e o trânsito religioso, na clara demonstração de
estrutura doutrinária irregular.
2- O Fervor Religioso e a Espiritualidade
A igreja de Corinto sofria o mesmo mal do
pentecostalismo contemporâneo: muito fervor, mas pouca espiritualidade;
muito carisma, porém pouco caráter; abundância nos dons, todavia falta
nos frutos do Espírito. É impressionante o número de eventos que
conclamam sobre avivamento, mas poucos são os frutos desse suposto
“mover”. O povo brasileiro é atualmente místico e emocional, quando
crentes confundem o emocionalismo exacerbado com o “poder de Deus”.
Hoje, as pregações não igrejas pentecostais
resumem-se a gritaria e vitória; histeria e ufanismo; bagunça e falta de
reflexão. Congressos estão lotados de pessoas ávidas por novidades,
como “cair no espírito”, “aviãozinho”, “cambalhotas”, “pula-pula” etc. E
aí de quem contestar essas práticas bizarras, pois logo é taxado de
fariseu, blasfemo e outros estereótipos. Pouco se fala em
caráter nos púlpitos pentecostais. Muita aparência de religiosidade,
pois enquanto gritam “aleluais” maquiam seus males.
Não adianta gritar nos cultos como se estivesse no
Maracanã, se o coração não estiver disposto a obedecer a Deus. Já dizia o
falecido pr. Estevam Ângelo de Sousa, ícone do pentecostalismo
brasileiro, que “uma lata vazia faz muito barulho”.
3- A Missão Discipuladora da Igreja
Eis o grande problema da igreja pentecostal: falta
de discipulado. Inclusive muitas lideranças precisariam voltar a classe
dos discipulados, pois não sabem o elementar da fé cristã, portanto não
aprenderam a ser discípulos. Não adianta a igreja ser muito
evangelizadora, se a mesma não tem uma forte equipe de discipuladores.
Igreja que evangeliza e não discipula não está cumprindo a Grande
Comissão. O problema maior é que muitas deixaram o discipulado e até a
evangelização.
Ensinar é moldar caráter. Falta de ensino bíblico
provoca distorções doutrinárias e morais. Imaturidade e fraqueza
doutrinária estão casadas. Enquanto numa comunidade muitos praticam os
dons espirituais a partir da ostentação, do orgulho, da falta de amor;
muita confusão acontecerá. Tudo isso fruto de um discipulado inexistente
ou deficiente.
Conclusão
Uma igreja sadia é possível mesmo diante dos desafias da vida urbana.
A saúde da Eclésia está totalmente relacionada ao ensino e discipulado
de cada crente, por meio de uma liderança madura. A maturidade está
relacionada ao caráter, portanto ostentar dons não é, senão pura
vaidade.
Fonte: http://teologiapentecostal.blogspot.com
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