"Senhor,
ensina-nos a orar"
Os discípulos de Jesus tinham crescido
numa cultura que dava grande importância à oração. Eles deveriam estar
familiarizados com as muitas orações registradas no Velho Testamento; talvez
tivessem memorizado algumas delas. Sem dúvida, tinham ouvido os pais devotos
orar, e podemos ter certeza de que, nas sinagogas ou nas esquinas das ruas,
tinham ouvido os fariseus orando. Entretanto, quando ouviram Jesus orar,
reconheceram uma nova dimensão na comunicação com Deus.
"De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um
dos seus discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a orar como também João
ensinou aos seus discípulos" (Lucas 11:1).
Muitos fatos importantes são entendidos neste pedido:
Primeiro, os discípulos viam em Jesus o valor da oração. Eles viam
como ele orava freqüentemente, não porque tinha chegado certa "hora de
oração", mas por causa de seu senso de necessidades. Sem dúvida, eles já
tinham visto o que foi tão claramente demonstrado mais tarde no jardim: a força
que ele ganhava com a oração. Eles queriam saber como aproveitar essa fonte de
força e receber os benefícios que estavam tão obviamente disponíveis para
ele na oração.
Segundo, eles reconheciam o valor da instrução. Poderia se supor que
qualquer um que crê em Deus deveria ser capaz de falar com ele fácil e
naturalmente. Contudo, é aparente, mesmo ao observador casual, que alguns oram
melhor do que outros e que o ensinamento é útil neste assunto importante. João
tinha ensinado seus discípulos a orar e os discípulos do Senhor sentiam como
eram inadequados e como tinham necessidade da ajuda dele.
Finalmente, eles identificaram Jesus como o melhor mestre possível. E não
era de se admirar! Ele conhecia o Pai melhor do que qualquer outro o conheceu.
Tendo existido "em forma de Deus" e tendo se esvaziado, "assumindo
a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens", ele
entendia mais plenamente do que qualquer outro homem a fraqueza da humanidade e
a necessidade de assistência divina. E, melhor do que qualquer mero humano, ele
entendia a sabedoria de Deus para saber o que é melhor para o homem, o poder de
Deus para dá-lo, e o amor de Deus que está disposto a ouvir os apelos de seus
filhos. Ele sabia o que tinha acontecido no céu, em resposta às orações de
homens como Moisés e Daniel. Quem melhor poderia ensinar os discípulos a orar?
Quem pode ensinar-nos melhor?
Jesus nos ensina o que a oração é. Muitos pensam que ela seja uma simples
lista de coisas que queremos que Deus nos dê ou serviços que queremos que ele
nos preste. Alguns vão um pouquinho mais longe para incluir os agradecimentos. "Súplicas
com ações de graças" (Filipenses 4:6) são apropriadas à oração,
mas estas somente não são suficientes para definir a oração. Este
entendimento inadequado do que a oração é pode bem explicar por que gastamos
tão pouco tempo em oração; não leva muito tempo para recitarmos nossa lista
de carências e talvez menos tempo para listar as coisas pelas quais somos
gratos. Quando Jesus passou noites inteiras em oração, não foi porque ele
tinha uma lista de coisas tão grande pelas quais pedir ou dar graças. Foi
porque ele estava falando com seu Pai e com seu mais íntimo amigo. É isto que
a oração é: falar com Deus, falando nossos pensamentos a ele como faríamos a
um amigo. Quem entre nós sente que aprendeu fazer isto como Jesus fazia? Temos
esperança de que cada leitor deste artigo sinta a mesma necessidade das instruções
do Senhor que os primeiros discípulos sentiam.
Os artigos sobre a oração que seguirão nesse e sucessivos números da revista
são destinados a expor o ensinamento de nosso Senhor sobre a oração. Os próximos
quatro tiram lições do exemplo de Jesus. Depois, virão dez que examinarão
suas instruções verbais sobre o assunto. Os próximos oito artigos desta série
de estudos são uma análise do modelo de Cristo de oração. O último artigo
contém algumas sugestões para aqueles que dirigem orações públicas.
Contando este, são 24 artigos sobre oração, que aparecerão neste e nos próximos
números de Andando na Verdade. Todos nós seremos
edificados pelo que se segue se abordarmos o estudo com a mesma fome que motivou
os antigos discípulos a apelar: "Senhor, ensina-nos a orar".
- por Sewell Hall
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