Um povo atrás de pão e circo
O
antigo Império Romano teve períodos de altos e baixos. Enquanto seus
exércitos passavam como um rolo compressor, subjugando continentes, um
problema muito sério se desenvolvia no seio de Roma: o desemprego. Isso
ocorria principalmente com a presença dos povos escravizados que eram
submetidos a trabalhos forçados o que comprometia o emprego e sustento
dos camponeses mais humildes. Boa parte deles ia parar nas grandes
cidades atrás de uma melhor qualidade de vida. Roma, por exemplo, foi
invadida por tantos desempregados que temendo um levante contra si, o
imperador instituiu uma política que ficou conhecida como “Pão e Circo”.
As
autoridades romanas entendiam que se o povo tivesse o suficiente para
não morrer de fome e algum entretenimento, estariam controlados. E não é
que deu certo! Grandes teatros e arenas (como o Coliseu) foram
construídos e durante os sangrentos espetáculos, pão era jogado para
toda a platéia.
Jesus mostrou ao
povo a maneira correta de se relacionar com Deus. Todo aquele que quer
praticar a verdadeira religião tem que ouvir as suas palavras. A grande
multidão que acabara de presenciar a multiplicação dos pães e dos
peixes, após ouvir o discurso de Jesus, se resumiu a apenas doze
pessoas: os apóstolos. Parece que as palavras de Jesus não fizeram muito
sucesso naquela época segundo alguns padrões modernos.
O povo
daquela época talvez fosse mais sofrido ainda do que o do presente. A
maioria dos trabalhadores ganhava o mínimo para não morrer de fome e não
existiam direitos trabalhistas, nem dias de descanso ou férias. Jesus
sabia de todas essas coisas e por isso, citou o esforço realizado por
eles como sendo uma boa base daquilo que se deve fazer “…Trabalhai, não
pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual
o Filho do Homem vos dará;” (Jo 6.27).
Com
isso Jesus não desprezou o engajamento do crente nesta vida, quer no
trabalho, estudo ou demais afazeres. Jesus estava estabelecendo
prioridades para a vida. Os bens materiais têm o seu lugar, pois Deus
sabe do que necessitamos. Paulo escreveu: “Digo isto, não por causa da
pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.
Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as
circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome;
assim de abundância como de escassez;” (Fp 4.11-12).
Enquanto
cresce por aí, o número daqueles que enfatizam as riquezas como prova
da bênção de Deus, Jesus procurou ressaltar o maior de todos os
tesouros, o Reino dos céus. Para mostrar seu valor, ele o comparou a um
homem que achou uma pérola de grande valor e vendeu todas as que possuía
para adquiri-la (Mt 13.45-46). O Reino de Deus é a comida “que subsiste
para a vida eterna”. Esta é a prioridade do cristão. “Não acumuleis
para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem
corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros
tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não
escavam, nem roubam; (Mt 6.19-20).
“Dirigiram-se,
pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras de Deus?
Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por
ele foi enviado” (Jo 6.28-29).
Quando
Jesus os confrontou sobre a necessidade de terem o Pão da Vida enviado
por Deus e não o pão que perece, a multidão já meio incomodada o
inquiriu sobre como poderiam realizar as obras de Deus.
Faz
parte da natureza humana uma disposição interior de acreditar em algum
deus. Embora isso estivesse perfeito em Adão, com a queda também foi
distorcido. O ser humano sente a necessidade de adorar alguma coisa, mas
sozinho não consegue enxergar o verdadeiro Deus. Jesus mostrou ao povo
que apesar de serem muito religiosos ainda não haviam acertado o alvo da
verdadeira religião ou da verdadeira adoração ao Pai. Por isso
precisavam dele. Jesus era o Pão que havia descido do céu para ser
definitivamente alimento para o povo separado de Deus.
Algumas
lições devem ser extraídas dessa idéia. Jesus, em última análise,
ensinou que a fé verdadeira estava ligada à dependência (Jo 15.5) e
intimidade (Jo 10.1-18) e não a milagres ou riquezas.
A
própria conclusão “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.”
(Mt 22.14) comprova o exposto. Enquanto Jesus fez maravilhas como a
multiplicação dos pães, a multidão o seguiu e até mesmo tentou
proclamá-lo rei. Quando mostrou seu pecado e o caminho da vida eterna,
murmuraram (41), consideraram seu discurso muito duro (60) e a grande
maioria o abandonou (66).
De uma
numerosa multidão (2) sobraram apenas doze (67). Aqueles doze ficaram
porque tinham uma motivação diferente: “…só tu tens as palavras de vida
eterna” – disse Pedro. Isso é fé verdadeira e o único cimento que de
fato prende o crente a Deus.
Considere
sobre as razões de você seguir a Deus. Estão ligadas prioritariamente à
vida eterna? Ou será que seus motivos estão mais ligados aos da
numerosa multidão que aparentemente seguia a Jesus? Você tem vivido das
Palavras de Vida Eterna ou você tem se contentado simplesmente com Pão e
Circo?
Fonte: revfernando.blogspot.com
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