Julgar ou não julgar, that is the question
"Não julgueis para não seres julgados... Antes, julguei tudo. Retende o bem..."
Estudando
o primeiro ano do curso de Direito, em uma aula de lógica jurídica, o
professor se esmerava em nos ensinar Crítica. Em tópicos divididos, nos
apresentou o julgamento como exemplo de uma das partes da Crítica e se
utilizou do versos bíblicos: "Não julgueis para não serdes julgados"
e "Julgai tudo, retende o bem". E perguntou: "devemos ou não devemos
julgar?" "A Bíblia se contradiz?” "O que fazem os Juízes de Direito?". E
reinou a polêmica.
Eu,
como ministro da Palavra de Deus (situação esta conhecida dos colegas e
professor), fui especialmente questionado sobre o assunto. Por óbvio
que, do ponto de vista filosófico, a resposta é “sim, devemos julgar”,
eis que o conhecimento filosófico se adquire pela dúvida inclusive (vide
Descartes). Patente que os Juízes de Direito julgam “causas”. Atos
praticados. E a condenação (prisão inclusive) tem como objetivo, além da
punição (preço pelo escolha de infringir a lei), a reeducação para o
convívio em sociedade.
Porém
esse não será objeto do meu enfoque, neste texto, mas sim, a visão da
Palavra de Deus sobre o assunto. De pronto, repassei à sala de aula, meu
posicionamento, baseado no que eu entendo na Palavra.
É
claro que a Bíblia não se contradiz. Quando lemos em Mateus, 7:1 ”Não
julgueis, para que não sejais julgados”, Jesus está nos ensinando que
ninguém se encontra numa posição superior, a tal ponto que se dê o
direito de julgar aos outros. Ninguém é melhor que ninguém. Todos somos
iguais perante o Senhor. “Não há um justo sequer”. “Todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus.” Ou seja, A pessoa; o Ser Humano; o
outro; o igual a nós, não pode ser julgado, muito menos condenados, por
nós.
Por
outro lado, quando o apóstolo Paulo diz, em 1 Tes 5:21 “julgai todas as
coisas, retende o bem”, estava ele se utilizando do termo julgar no
sentido de “examinar”. Aqui, o foco está centrado na ação das pessoas.
Nos atos por elas praticados. Sem forçar demais, posso afirmar que a
intenção do coração (e até os sentimentos, embora por demais subjetivo)
pode ser incluída neste exame, a fim de que possamos nos apropriar do
que é bom.
Ainda.
No que tange às ações e o julgamento em sentido estrito, particular,
devemos fazer uma correlação com outra máxima da visão cristã: “Jesus
odeia o pecado, mas AMA O PECADOR”. Lembrei aos presentes, o exemplo
mais lindo dos evangelhos, em que Jesus nos deu. Diante da mulher pega
em adultério disse: “...nem eu a ti te condeno. Vá-te e não peques
mais”. Veja que a pessoa, o ser humano, a mulher, não foi alvo de seu
julgamento pessoal. Recebeu imediato perdão do Senhor. No entanto, seu
ato foi, por Jesus, rechaçado: “vá-te e não peques mais”.
Em
um mundo que se acostumou ao relativismo, torna-se comum que se
confundam as Pessoas com suas ações. E os julgamentos são feitos todo o
tempo e em todos os lugares. Os critérios se alternam entre a liberdade
absoluta (libertinagem, seria melhor colocado) e a crueldade pura
(maldade seria melhor colocado), o que mostra, claramente, a
imaturidade, o egoísmo e a falta de equidade nos relacionamentos.
Por
outro lado, quando não se leva a sério o estudo da Palavra de Deus,
falo de cristãos, incluindo nós os líderes, a confusão ainda é maior, já
que nos deparamos com dois grupos de “juízes”: o primeiro julga sem
piedade alguma aos seus semelhantes e está sempre pronto a “excluir”,
“colocar em disciplina”, e, sem constrangimento, usa o texto “o que
ligardes na terra, será ligado no céu” para punir o irmão FLAGRADO em
pecado (os que têm a sorte de pecar escondido se safam...). Já o segundo
grupo usa da dispensação da Graça para “não julgar nunca, nada nem
ninguém”. E fecha os olhos para todos os desmandos que acontecem ao seu
redor. Fica sempre em cima do muro, longe da Justiça, portanto.
Concluindo,
devemos, sim, julgar uns aos outros. E isto, por meio do julgamento das
IDÉIAS das pessoas. O que serve guardamos em nosso coração (Maria assim
o fez); o que não presta, descartamos. É lógico, sem nos esquecer de
que os atos das pessoas são o alvo de nosso julgamento. O ser humano,
jamais. Este sempre será alvo do nosso amor, compreensão e perdão, além
de disciplina, já que impor limite também é forma de amar (Deus corrige o
filho que ama). Assim sendo, devemos aprender com o Mestre Amado que o
melhor ato de julgar é amar: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem
de língua, mas por obra e em verdade. I João 3:18”.Pr. Osmar Oliveira
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