Dízimos e Ofertas - Uma Disciplina Abençoadora
Malaquias 3.7-12
Introdução:
I. O que são os dízimos e ofertas
II. Adorando a Deus com nossos haveres
III. A Contribuição na Bíblia
Conclusão:
Título deste subsídio: A mordomia do dízimo
Autor deste comentário: Pr. Elienai Cabral
Palavras-chaves:Dízimo; Oferta; Mordomia; Adoração; Contribuição.
INTRODUÇÃO
Malaquias é o último dos profetas do Antigo Testamento. Ele viveu
aproximadamente 400 anos antes de Cristo, e no meio do seu povo, ele foi
o profeta corajoso para falar à Israel de bênçãos e maldições. A casa
de Deus estava empobrecida e a sua manutenção abandonada, porque o povo
tornou-se infiel (como muitos hoje) nos dízimos e nas ofertas alçadas. A
mensagem profética de Malaquias expôs publicamente o problema,
reprovando e desafiando o povo a retomar o caminho bíblico, para que
fosse outra vez abençoado.
I. DEUS FALA SOBRE A RESTAURAÇÃO DA MORDOMIA
1.Restauração moral . Segundo o texto declara em Ml
3, versículos 6-18, Israel tinha abandonado os princípios morais da
obediência e da fidelidade a Deus, no tocante aos dízimos e as ofertas
alçadas. O Senhor lhes disse: ” Vós me roubais , e dizeis: em que te
roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas”. O apego às coisas
materiais tem sido o elemento de dificuldade maior de muitos servos de
Deus, para ser fiel nos seus dízimos e ofertas para Ele. O amor ao
dinheiro, maior que o amor a Deus é um tropeço na vida cristã. Quando as
pessoas se afastam das leis de Deus, estabelecidas na sua Palavra,
necessitam de uma restauração moral e espiritual.
2.O ponto de partida é o arrependimento. O
arrependimento profundo e sincero diante de Deus é o ponto de partida
para o abandono dos erros. Arrependimento é mudança de atitude e
tristeza para com o pecado cometido. Israel havia pecado contra o Senhor
e somente pelo retorno sincero e pleno de arrependimento haveria perdão
e recuperação. Deus disse a Israel: “Tornai vós para mim, e eu tornarei
para vós” (Ml 3.7). No Novo Testamento, isto equivale ao que está
escrito: ” Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” ( 1 Jo
1.9).
3.A obediência é o passo seguinte para a restauração.
Deus acusou Israel de ter abandonado as suas leis e princípios,
desobedecendo-os. O Senhor diz: ” Desde os dias de vossos pais, vos
desviastes dos meus estatutos e não os guardastes” (Ml 3.7). Aprendemos
que as bênçãos de Deus em nossa vida estão vinculadas a uma vida de
obediência à sua Palavra. Israel precisava reconsiderar que ” o obedecer
é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de
carneiros” (1 Sm 15.22). Se quisermos que as ” janelas do céu” se abram
sobre nós, devemos reconhecer nossos pecados e arrepender-nos, bem como,
obedecer aos estatutos divinos. Israel era o povo de Deus (”mau povo”,
Am 7.15), entretanto a mensagem inicial de Jesus para ele foi a de
arrependimento (Mc 1.14,15).
II. O SIGNIFICADO DO DÍZIMO NA BÍBLIA
1.O sentido literal do dízimo. O dízimo é o hábito
regular pelo qual um cristão, procurando ser fiel ao ensino das
Escrituras, separa para Deus, pelo menos dez por cento de suas rendas,
como um reconhecimento das dádivas divinas. Ele reconhece assim, que
Deus é o Senhor de tudo o que temos (Tg 2.8; Os 2.8,9; 1 Co 10.26). O
dízimo é o mínimo que o crente dispõe para Deus. Com ele as barreiras da
arrogância, da avareza e do egoísmo são quebradas. O dízimo deve ser
para o cristão uma redescoberta espiritual para levar à prosperidade
material.
2. O sentido conceitual do dízimo. Dizimo é a décima
parte de um todo. É considerar que Deus é a fonte de toda a possessão
material (Sl 24.1; 1Co 10.26). Quando o crente reconhece que tudo o que
temos é dádiva de Deus, ele separa um décimo de seus rendimentos para
expressar a sua convicção de que Deus é dono e doador de tudo que ele
tem. É importante perceber que Deus continua sendo o dono das posses
materiais confiadas ao homem, o qual é tão somente o mordomo desses bens
que lhe foram confiados. Que patrão neste mundo daria 90% das suas
posses e ficaria com apenas 10%? Só Deus, rico e bondoso é capaz de
proceder dessa forma. Tudo o que Ele requer é que o mordomo cumpra com
lealdade a sua mordomia, e lhe devolva a única parte exigida - a décima
parte. O dízimo bíblico é pois uma dívida do homem para com Deus.
3. O sentido moral do dízimo. O dízimo é um
testemunho da bondade criadora de Deus. Quando entregamos o dízimo
provamos a nossa dependência de Deus e de suas bênçãos. A entrega do
dízimo ” à Casa de Deus” é o reconhecimento à fidelidade de Deus. Quando
um crente se recusa a entregar o dízimo ao Senhor é porque ainda não
reconheceu plenamente o senhorio de Deus. Esse crente pensa que ele é
mesmo dono daquilo que tem. Quando tributamos a Deus com os nossos
dízimos, estamos reconhecendo, automaticamente, o senhorio do nosso Deus
(I Co 10.26; Ag 2.8).
4. O sentido espiritual do dízimo. Três razões para entregar o dízimo ao Senhor.
a)Reconhecimento pelas bênçãos divinas. O dízimo é um
reconhecimento de que Deus é o doador de tudo na vida. O homem pertence a
Deus (Gn 1.27; Ez 18.4). A terra pertence a Deus (Sl 24.1; Hb 11.3; Cl
1.17; Sl 104.30).
b) Adoração. Faz parte da adoração cristã a contribuição
feita pela Igreja para a obra de Deus através dos “dízimos e ofertas” (I
Co 16.1-4).
c)A Fé. Que valor terá a entrega dos dízimos sem o exercício
da fé? A entrega, sem fé, do dízimo é um legalismo religioso sem fruto.
Quando o crente separa um décimo dos seus rendimentos, deve fazê-lo com
fé, em Deus e nas suas promessas, e com gratidão pela provisão divina.
III. O DÍZIMO NA BÍBLIA
1. No Antigo Testamento.
a)O exemplo de Caim e Abel (Gn 4.2-7). A raiz da doutrina do
dízimo é identificada ainda nos primórdios da criação. Caim e Abel, os
primeiros irmãos da história humana, foram ensinados a ser leais ao
Criador e oferecer, espontaneamente ao Senhor alguma coisa do produto do
seu trabalho, em gratidão pela bondade do Senhor. Caim trouxe do fruto
da terra a sua oferta ao Senhor, e Abel “trouxe o primogênito das suas
ovelhas e da sua gordura” (Gn 4.3,4). Adão e Eva desde cedo ensinaram
aos seus filhos a lealdade ao Senhor e o reconhecimento pela sua
providência. Devemos ensinar a nossos filhos desde a sua tenra idade a
serem agradecidos a Deus pelo pão, pelo vestuário, pela habitação, pelo
ar que respiram, reconhecendo tudo isso como bênção do Todo-Poderoso.
b) O exemplo de Abraão (Gn 14.18-24). A primeira menção
registrada do dízimo no Antigo Testamento ocorre quando Abraão trouxe
sua oferta ao Senhor e a entregou ao rei Melquisedeque que era
“sacerdote do Deus Altíssimo”. Notemos que Abraão o fez espontaneamente ,
em atitude de reconhecimento da sua mordomia a Deus (Gn 14.22).
c) O exemplo de Jacó (Gn 28.18-22). Jacó era neto de Abraão.
Seu dízimo era voluntário, como expressão de sua gratidão a Deus pelas
bênçãos recebidas. Observa-se que Jacó já havia recebido instruções
acerca do dízimo através dos seus pais, Isaque e Rebeca. É um exemplo
positivo para a família cristã hoje, ensinar os filhos a serem fiéis e
agradecidos a Deus com seus dízimos e ofertas.
d) O exemplo de Moisés.
A prática do dízimo foi incorporada à lei para o povo de Israel. Todos
os filhos de Israel adotaram o dízimo como um padrão de gratidão ao
Senhor Todo-Poderoso. Na lei vemos por três vezes a citação do dízimo. A
primeira referência (Lv 27.30-32) ao dízimo é o estabelecimento oficial
da prática que já era observada antes da Lei, pelo povo de Deus. Isso
sancionou, com a autoridade divina, a questão do dízimo. Cada judeu,
temente a Deus, deveria dar a décima parte de tudo que a terra
produzisse, vegetal ou mineral. A segunda referência sobre o dízimo
trata da principal finalidade dele (Nm 18.20-32). A terceira (e outras
mais) acha-se em Deuteronômio, a partir de 12.5-12.
e) O dízimo na história de Israel. Houve um período da vida
religiosa dos judeus em que o desleixo espiritual e a rotina dos
serviços religiosos provocaram esquecimento da responsabilidade
espiritual do povo. Os levitas tiveram que deixar os afazeres sagrados
para ganharem o sustento de suas famílias. Posteriormente, o rei
Ezequias reorganizou a vida religiosa do seu povo, porque entendia que o
sucesso do seu reino dependia totalmente de Deus. Organizou as turmas
de sacerdotes e levitas e despertou o seu povo à fidelidade na entrega
dos seus dízimos. O povo obedeceu à palavra de Ezequias e com liberdade
trouxeram seus dízimos, de modo que, como diz o texto: “e se fizeram
muitos montões” (2 Cr 31.5,6).
2. O dízimo no Novo Testamento. O dízimo é doutrina apenas da lei do Antigo Testamento? Alguns grupos cristãos negam a doutrina do dízimo, afirmando que a referida prática pertence ao Antigo Testamento e nada tem a ver com o Novo Testamento. Isso não. A prática do dízimo pelo povo de Deus é anterior à lei, como já vimos; ela apenas o incorporou aos seus preceitos. Entretanto, o dízimo passou a ter uma nova perspectiva da graça. O princípio de que Deus é o verdadeiro dono do que temos, e a Ele tudo pertence, explicita o dízimo.
a) O exemplo de Jesus. (Jo 13.15). Jesus deu uma nova
dimensão a mordomia do dinheiro e dos dízimos. Ele destacou,
primordialmente, a necessidade de ter o coração desprendido dos bens
materiais (Mt 6.24,33; Lc 12.15,21; 1 Tm 6.16-19). Observe o preceito da
mordomia estabelecida por Jesus nos seguintes textos : Mt 6.19-21,33;
10.8; Mc 12.17; 8.36; At 20.35; Lc 6.38.
b) O exemplo da Igreja Primitiva. (At 4.32; 2 Co 8.7). Sem
dúvida o derramamento do Espírito Santo nos primórdios da Igreja quebrou
as amarras da avareza e do egoísmo, e os crentes contribuíam
alegremente com tudo quanto tinham. Um crente realmente avivado tem o
coração aberto para dar; para contribuir. É isso o que vemos na Bíblia e
na história dos avivamentos. Hoje, as igrejas locais, às vezes passam
por apertos financeiros por causa de duas classes de crentes existentes
no seu seio: os crentes onerosos e os crentes honorários. Os onerosos
são os que não contribuem com nada, financeiramente. Quando dão alguma
coisa, fazem toda sorte de cobrança aos pastores. Os crentes honorários
são os que em nada contribuem, mas gostam de ser vistos e fazem questão
de aparecer em tudo na igreja. Após o dia de Pentecostes, a igreja
promoveu um atendimento filantrópico aos necessitados. Impulsionados
pelo Espírito Santo aqueles primeiros crentes se uniram e reconheceram a
necessidade da mordomia e, diz a Bíblia: “e tinham tudo em comum” (At
4.32-35).
c) O exemplo da igreja da Macedônia (2 Co 8.1-9). Era uma
igreja constituída, na sua maioria, de crentes pobres materialmente, mas
rica em generosidade. Paulo solicita à igreja da Macedônia que
contribua financeiramente para ajudar à igreja em Jerusalém, e isto foi
de modo maravilhoso aceito entre aqueles crentes. Tinham o coração
aberto para dar, por isto, também recebiam muitas bênçãos da parte de
Deus. Aqueles crentes foram de tal modo tomados pelo amor fraternal que
chegaram a contribuir com muito mais que se esperava e do que podiam,
movidos pelo amor.
3. O dízimo no Novo Testamento. Há três referências do dízimo no Novo
Testamento. Duas delas são paralelas e se referem ao ensino de Jesus
sobre este assunto quando Ele falava aos fariseus (Mt 23. 23; Lc 11.42).
A terceira referência encontra-se em Hebreus (Hb 7.1-10). Os
anti-dizimistas não entendem que este texto demonstra a superioridade de
Cristo sobre a antiga dispensação. O sacerdote Melquisedeque que era
figura de Cristo; neste contexto, Abraão deu-lhe o dízimo de tudo. Assim
sendo, hoje, os crentes em Cristo lhe dão os dízimos, pois ele é o
nosso Sacerdote Eterno, segundo a ordem, não levítica, mas de
Melquisedeque.
4. O sustento do ministério cristão. Paulo declara e
ensina a igreja em Corinto acerca do direito de sustento dos que
trabalham no ministério cristão, isto é, que vivam do ministério.
Destaca também, que o princípio do sustento do ministério sacerdotal na
dispensação da lei é o mesmo na dispensação da graça. Ver também Mt
10.10; Lc 10.7; Gl 6.6; Hb 13.16.
IV. O PADRÃO NEOTESTAMENTÁRIO DA CONTRIBUIÇÃO FINANCEIRA
1.A doutrina da mordomia cristã. A Bíblia é definida
acerca do dinheiro e do seu uso pelos crentes em Cristo. Vejamos algo
disso: o dinheiro deve ser ganho honestamente (1 Ts 4.11,12); deve-se
trabalhar e não pedir ou roubar (Ef 4.28); se alguém não quer trabalhar,
não coma também (2 Ts 3.10); o crente deve ser econômico e juntar o
necessário para seu sustento (2 Ts 3.8).
2. A contribuição sistemática no Novo Testamento. (I
Co 16.2-4).A contribuição cristã deve obedecer a uma sistematização
pessoal de cada crente. Note a ordem exposta na Bíblia (no caso da
igreja de Corinto): “no primeiro dia da semana” (ofertas semanais);
“cada um de vós” (todos têm responsabilidade no sustento da obra de
Deus); “ponha de parte” (prepare-se para fazer a contribuição, de modo
consciente); “o que puder juntar” (contribuição proporcional), portanto,
o dízimo é a única proporção conhecida na Bíblia (I Co 16.2).
a) Deve ser feita com alegria. (2 Co 9.7) Essa alegria refere-se ao prazer de poder contribuir para a obra e de ser participante dela.
b) Deve ser voluntária, e “não por necessidade”. Isso (”por
necessidade”) envolve obediência irracional e legalista. Contribuir para
provar que contribui; não provém da fé; não é ato voluntário, nem como
algo que vem do profundo do coração.
c) Deve ser conforme o seu ganho real. (I Co 16.2) O dízimo é
uma questão de fé e obediência. A fé não duvida das promessas do Senhor
e a obediência propicia o cumprimento dessas promessas divinas. Quando o
crente recebe o seu salário mensal, quinzenal ou semanal, deve,
imediatamente, separar o que pertence ao Senhor. Não use o dinheiro do
dízimo para outra coisa, mas entregue-o à “Casa do Senhor” para que nela
haja mantimento (Ml 3.10).
d) Deve ser feito com fidelidade. Um dos grandes tropeços
espirituais de muitos crentes está no fato de que, quando tudo
transcorre bem na vida cotidiana, eles contribuem com seus dízimos, mas
quando vêm as dificuldades, o dízimo é facilmente esquecido. A
fidelidade para com Deus, em relação ao dízimo, deve ser exercida em
todas as circunstâncias da vida.
e) Deve ser feito com regularidade. Veja o que a Bíblia
ensina: “No primeiro dia da semana, ponha de parte o que puder ajuntar”
(1Co 16.2). O texto estabelece o princípio da fidelidade com
regularidade. Significa que a contribuição deve ser sistemática e
regular; não de forma esporádica e sujeita as contingências.
CONCLUSÃO
O crente fiel não só dá o dízimo porque é uma ordenança bíblica, mas
também tem o prazer de contribuir para manter a obra do Senhor. O dízimo
é uma forma de gratidão a Deus pelas bênçãos concedidas e
reconhecimento pela sua soberania sobre nossas vidas e bens.
Fonte: www.ebdweb.com.br
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