Síntese Histórica da Igreja Presbiteriana do Brasil
Alderi Souza de Matos
Para sua melhor compreensão, a história da IPB tem sido dividida em períodos claramente delimitados. A seguir são apresentados os principais dados de cada um desses períodos.
1. Implantação (1859-1869)
O missionário fundador da IPB, Ashbel Green
Simonton (1833-1867), da Igreja Presbiteriana do Norte dos EUA (PCUSA),
chegou ao Brasil em 1859. Nos anos seguintes, ele criou a Igreja
Presbiteriana do Rio de Janeiro (1862), o jornal Imprensa Evangélica
(1864), o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e o “Seminário Primitivo”
(1867). Outras igrejas fundadas nesse período foram as de São Paulo,
Brotas, Lorena, Borda da Mata e Sorocaba. Chegaram novos obreiros, como
Alexander Blackford, Francis Schneider e George Chamberlain, e foi
ordenado o primeiro pastor nacional, José Manoel da Conceição
(1822-1873).
2. Consolidação (1869-1888)
Em 1869, chegaram os primeiros missionários
da Igreja do Sul dos EUA (PCUS), George N. Morton e Edward Lane, que se
estabeleceram em Campinas. Os missionários da PCUS evangelizaram a
região da Mogiana, o oeste de Minas, o Triângulo Mineiro e o sul de
Goiás. Também atuaram no Nordeste e no Norte, de Alagoas até a Amazônia.
Os principais foram John R. Smith, John Boyle, DeLacey Wardlaw e George
W. Butler. Por sua vez, os missionários da Igreja do Norte atuaram na
Bahia e Sergipe e no sudeste-sul (do Rio de Janeiro a Santa Catarina).
Em 1870, o Rev. Chamberlain fundou a Escola Americana de São Paulo,
precursora do Mackenzie College, e em 1873 Morton e Lane criaram o
Colégio Internacional, em Campinas. Entre os pastores nacionais desse
período estiveram Modesto Carvalhosa, Antônio Trajano, Miguel Torres,
Antônio Pedro de Cerqueira Leite, Eduardo Carlos Pereira, Zacarias de
Miranda e Belmiro César. As igrejas-mães também enviaram educadoras como
Mary Dascomb, Elmira Kuhl e Charlotte Kemper.
3. Dissensão (1888-1903)
Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo,
composto de três presbitérios, 20 missionários, 12 pastores e 60
igrejas. A IPB tornou-se autônoma, desligando-se das igrejas
norte-americanas. O Seminário começou a funcionar em Nova Friburgo e
depois se transferiu para São Paulo. O Mackenzie College foi criado em
1891, sendo seu primeiro presidente o Dr. Horace Manley Lane. Por causa
da febre amarela, o Colégio Internacional foi transferido de Campinas
para Lavras, e mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon. A cidade de
Garanhuns começou a tornar-se um grande centro da obra presbiteriana no
Nordeste. Foram lançadas as bases de duas importantes instituições: o
Colégio Quinze de Novembro e o Seminário do Norte. No final desse
período a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará, ao Amazonas e a Santa
Catarina. A igreja também iniciou a ocupação do leste de Minas. Em 1903,
o Rev. Eduardo Carlos Pereira e seus companheiros fundaram a Igreja
Presbiteriana Independente.
4. Reconstituição (1903-1917)
Em 1906 o Sínodo contava com 77 igrejas e
cerca de 6500 membros. Em fevereiro de 1907, o Seminário foi transferido
para Campinas, ocupando a antiga propriedade do Colégio Internacional.
No mesmo ano, o Sínodo dividiu-se em dois (Norte e Sul) e em 1910 foi
organizada a Assembléia Geral, tendo como primeiro moderador o Rev.
Álvaro Reis. Nessa época, a IPB já estava com 10 mil membros comungantes
e cerca de 150 igrejas, em sete presbitérios. Em 1911, a igreja enviou a
Portugal o seu primeiro missionário, Rev. João Marques da Mota
Sobrinho. A Missão Sul da PCUS passou a atuar em duas frentes: Missão
Leste (Lavras) e Missão Oeste (Campinas). O Rev. William Waddell fundou
uma influente escola em Ponte Nova, na Bahia. Teve início a obra
presbiteriana no Mato Grosso: os pioneiros foram Franklin Graham (1913) e
Filipe Landes (1915). Em 1917, foi aprovado o Modus Operandi, um acordo
entre a igreja brasileira e as missões norte-americanas pelo qual os
missionários desligaram-se dos concílios da IPB, separando-se os campos
nacionais (presbitérios) dos campos das missões.
5. Cooperação (1917-1932)
O maior líder desse período foi o Rev. Erasmo
Braga (1877-1932). Em 1916, ele participou com dois colegas do
Congresso da Obra Cristã na América Latina, no Panamá. Poucos anos
depois, tornou-se o secretário da Comissão Brasileira de Cooperação,
entidade que liderou um grande esforço cooperativo entre as igrejas
evangélicas do Brasil. Foi fundado no Rio de Janeiro o Seminário Unido.
Outros esforços cooperativos do período foram o Instituto José Manoel da
Conceição, fundado pelo Rev. William Waddell em Jandira, perto de São
Paulo (1928), e a Associação de Catequese dos Índios (1928), depois
Missão Evangélica Caiuá, em Dourados (MS).
Em 1921, o Seminário do Norte foi transferido
para Recife. Os principais periódicos presbiterianos eram O Puritano e o
Norte Evangélico. Em 1921 morreu o Rev. Antônio Bandeira Trajano. Com
ele desapareceu a primeira geração de obreiros presbiterianos no Brasil.
Vários pastores deram valiosa contribuição de ordem intelectual e
literária: Antônio Trajano (Álgebra Elementar), Eduardo Carlos Pereira
(Gramática Expositiva), Otoniel Mota (O Meu Idioma) e Erasmo Braga
(Série Braga).
6. Organização (1932-1959)
Nas décadas de 1930 a 1950, a IPB aperfeiçoou
a sua estrutura, criando entidades voltadas para o trabalho feminino, a
mocidade, missões nacionais e estrangeiras, literatura e ação social.
Em 1940 foi organizada a Junta Mista de Missões Nacionais, com
representantes da igreja e das missões norte-americanas. Em 1944 surgiu a
Junta de Missões Estrangeiras e em 1950 foi criada a Missão
Presbiteriana da Amazônia. Também houve a criação da Casa Editora
Presbiteriana (1945). Neste período, a IPB participou de vários outros
movimentos cooperativos: Associação Evangélica Beneficente, Confederação
Evangélica do Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, Centro Áudio-Visual
Evangélico. Em 1957 a IPB contava com seis sínodos, 41 presbitérios, 489
igrejas, 369 ministros, 89.741 membros comungantes e 71.650
não-comungantes.
O período terminou com a comemoração do
centenário do presbiterianismo no Brasil. A Campanha do Centenário foi
lançada em 1946. Realizou-se uma grande campanha evangelística em 1952.
Outras medidas foram a criação do Museu Presbiteriano, do Seminário do
Centenário e do jornal Brasil Presbiteriano (1958), resultante da fusão
de O Puritano e Norte Evangélico. O lema do centenário foi: “Um ano de
gratidão por um século de bênçãos”.
7. Polarização (1959-1986)
Nesse período, a igreja sofreu o forte
impacto dos acontecimentos políticos ocorridos no Brasil, que resultaram
no regime militar (1964-1984). Intensificou-se a polarização entre
conservadores e progressistas que já vinha se manifestando há alguns
anos. Os conservadores, defensores da teologia reformada tradicional,
foram vitoriosos nesse confronto quando o Rev. Boanerges Ribeiro foi
eleito presidente do Supremo Concílio, e reeleito duas vezes, a única
vez em que isso ocorreu na história da IPB (1966-1978).
Boanerges foi sucedido por Paulo Breda Filho
(1978-1986), o único presbítero a ocupar o cargo maior da igreja. Ao
lado de grandes tensões, também houve desdobramentos construtivos como a
transferência da Universidade Mackenzie para a IPB, a ampliação do
trabalho de missões nacionais e estrangeiras, o aumento significativo do
número de igrejas e concílios, e o crescimento numérico da denominação,
que se aproximou da marca de meio milhão de membros comungantes e
não-comungantes.
8. Período atual
Nas últimas décadas a IPB continuou a crescer
e a diversificar as suas atividades. O ambiente político e teológico
tornou-se mais conciliador, num ambiente de crescente pluralismo, mas
ainda persistem tensões latentes. A igreja sofre o impacto dos novos
movimentos que tem afetado o protestantismo brasileiro, especialmente
nas áreas litúrgica e doutrinária. O neopentecostalismo tem exercido
fascínio sobre muitos pastores e comunidades. No aspecto positivo,
destacam-se a maior preocupação com a educação teológica, a criação de
vínculos com igrejas reformadas ao redor do mundo, o investimento em
missões transculturais, o notável crescimento na área de publicações e a
utilização dos meios de comunicação de massa, como a televisão e a
Internet.
Fonte:www.mackenzie.br
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