quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Julgar ou não julgar, that is the question

"Não julgueis para não seres julgados... Antes, julguei tudo. Retende o bem..."

Estudando o primeiro ano do curso de Direito, em uma aula de lógica jurídica, o professor se esmerava em nos ensinar Crítica. Em tópicos divididos, nos apresentou o julgamento como exemplo de uma das partes da Crítica e se utilizou do versos bíblicos: "Não julgueis para não serdes julgados" e "Julgai tudo, retende o bem". E perguntou: "devemos ou não devemos julgar?" "A Bíblia se contradiz?” "O que fazem os Juízes de Direito?". E reinou a polêmica. 
Eu, como ministro da Palavra de Deus (situação esta conhecida dos colegas e professor), fui especialmente questionado sobre o assunto. Por óbvio que, do ponto de vista filosófico, a resposta é “sim, devemos julgar”, eis que o conhecimento filosófico se adquire pela dúvida inclusive (vide Descartes). Patente que os Juízes de Direito julgam “causas”. Atos praticados. E a condenação (prisão inclusive) tem como objetivo, além da punição (preço pelo escolha de infringir a lei), a reeducação para o convívio em sociedade.
Porém esse não será objeto do meu enfoque, neste texto, mas sim, a visão da Palavra de Deus sobre o assunto. De pronto, repassei à sala de aula, meu posicionamento, baseado no que eu entendo na Palavra. 
É claro que a Bíblia não se contradiz. Quando lemos em Mateus, 7:1 ”Não julgueis, para que não sejais julgados”, Jesus está nos ensinando que ninguém se encontra numa posição superior, a tal ponto que se dê o direito de julgar aos outros. Ninguém é melhor que ninguém. Todos somos iguais perante o Senhor. “Não há um justo sequer”. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” Ou seja, A pessoa; o Ser Humano; o outro; o igual a nós, não pode ser julgado, muito menos condenados, por nós. 
Por outro lado, quando o apóstolo Paulo diz, em 1 Tes 5:21 “julgai todas as coisas, retende o bem”, estava ele se utilizando do termo julgar no sentido de “examinar”. Aqui, o foco está centrado na ação das pessoas. Nos atos por elas praticados. Sem forçar demais, posso afirmar que a intenção do coração (e até os sentimentos, embora por demais subjetivo) pode ser incluída neste exame, a fim de que possamos nos apropriar do que é bom. 
Ainda. No que tange às ações e o julgamento em sentido estrito, particular, devemos fazer uma correlação com outra máxima da visão cristã: “Jesus odeia o pecado, mas AMA O PECADOR”. Lembrei aos presentes, o exemplo mais lindo dos evangelhos, em que Jesus nos deu. Diante da mulher pega em adultério disse: “...nem eu a ti te condeno. Vá-te e não peques mais”. Veja que a pessoa, o ser humano, a mulher, não foi alvo de seu julgamento pessoal. Recebeu imediato perdão do Senhor. No entanto, seu ato foi, por Jesus, rechaçado: “vá-te e não peques mais”.
Em um mundo que se acostumou ao relativismo, torna-se comum que se confundam as Pessoas com suas ações. E os julgamentos são feitos todo o tempo e em todos os lugares. Os critérios se alternam entre a liberdade absoluta (libertinagem, seria melhor colocado) e a crueldade pura (maldade seria melhor colocado), o que mostra, claramente, a imaturidade, o egoísmo e a falta de equidade nos relacionamentos. 
Por outro lado, quando não se leva a sério o estudo da Palavra de Deus, falo de cristãos, incluindo nós os líderes, a confusão ainda é maior, já que nos deparamos com dois grupos de “juízes”: o primeiro julga sem piedade alguma aos seus semelhantes e está sempre pronto a “excluir”, “colocar em disciplina”, e, sem constrangimento, usa o texto “o que ligardes na terra, será ligado no céu” para punir o irmão FLAGRADO em pecado (os que têm a sorte de pecar escondido se safam...). Já o segundo grupo usa da dispensação da Graça para “não julgar nunca, nada nem ninguém”. E fecha os olhos para todos os desmandos que acontecem ao seu redor. Fica sempre em cima do muro, longe da Justiça, portanto.
Concluindo, devemos, sim, julgar uns aos outros. E isto, por meio do julgamento das IDÉIAS das pessoas. O que serve guardamos em nosso coração (Maria assim o fez); o que não presta, descartamos. É lógico, sem nos esquecer de que os atos das pessoas são o alvo de nosso julgamento. O ser humano, jamais. Este sempre será alvo do nosso amor, compreensão e perdão, além de disciplina, já que impor limite também é forma de amar (Deus corrige o filho que ama). Assim sendo, devemos aprender com o Mestre Amado que o melhor ato de julgar é amar: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade. I João 3:18”.
 Pr. Osmar Oliveira

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